Presidente do Sindileite afirma que aumento na
capacidade produtiva é melhor alternativa para ampliar lucro sem prejudicar
consumidores
Texto de Gracciella Barros Diário
da Manhã – 27/09/12
Em entrevista coletiva, no dia 13 de setembro,
o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Goiás
(Faeg), José Mário Schereiner, afirmou que consumidor poderá pagar mais
caro pelo litro de leite, caso o governo federal não realize intervenções
emergenciais para proteger a produção, diminuir os custos da ração animal
e conter a elevação dos preços. “A cadeia produtiva no Estado poderá entrar
em colapso caso medidas não sejam tomadas”, frisou.
Segundo presidente da Faeg, houve um aumento de
122% do custo da ração, nos últimos 12 meses, o que faz o quarto lugar no ranking
brasileiro – Goiás – com a participação de 60 mil produtores que operam
com 220 mil pessoas em toda cadeia produtiva ver a necessidade de aumento
no valor final da produção.
José Mário Schereiner afirma que o produtor
goiano, que recebia, em 2011, o equivalente a R$ 0,89 pelo leite e gastava
R$ 0,46 pela ração, recebe, este ano, R$ 0,86 pelo produto e gasta R$ 0,73,
pela ração.
Outro agravante são as oscilações no mercado
internacional de grãos, que chegam justamente durante a entressafra do
leite em Goiás. Nesse período, com a falta de chuvas e redução das pastagens,
o produtor tende a aumentar a suplementação do rebanho.
Na avaliação do presidente da Faeg, o setor
passou de uma etapa de crescimento para estabilidade, com tendência de queda.
O ponto alvo da crise deve-se, principalmente, à forte estiagem que frustrou
a safra de grão norte-americana e fez com que os preços da soja e do milho decolassem
em escala mundial.
Em visita ao jornal Diário da Manhã, o presidente
do Sindicato das Indústrias de Laticínios no Estado de Goiás (Sindileite),
Joaquim Guilherme Barbosa de Souza, avaliou o assunto.
Diário da Manhã - O produtor hoje vive a dificuldade
dos insumos mais caros, que ocasionam prejuízo. O que pode ser feito?
Joaquim Guilherme - Não existe indústria sem
produtos, nem produtos sem indústria. É preciso haver profissionalização
da produção, que acarretará baixos custos e lucros maiores.
DM - Qual papel o Sindileite exerce frente aos
produtores?
Joaquim Guilherme - Nós aproximamos a indústria
do produtor, assessoramos tanto os industriais, quanto os produtores,
fazemos trabalhos de qualificação para melhorar o trabalho e a lucratividade
dos dois setores da cadeia do leite.
DM - Goiás é o quarto maior produtor do Brasil.
Como está a indústria de leite no Estado?
Joaquim Guilherme - O Estado está preparado
para produzir o dobro de hoje e está a todo vapor. O momento é difícil para
o produtor, devido ao aumento dos preços dos insumos, graças à concorrência
no mercado internacional.
DM - O que pode ser feito?
Joaquim Guilherme - O produtor deve ficar
atento às rações alternativas, por exemplo, aumentar a produção para diluir
os custos e melhorar os lucros.
DM - Como é a relação da indústria com o produtor?
Joaquim Guilherme - As duas partes da cadeia
produtiva do leite têm contato direto. Em outros setores da economia, é
comum o industrial não saber de quem compra, já que esse processo é bem extenso.
Mas, no caso do leite, há uma tradição de forte ligação.
DM - Como resolver o problema dos produtores
sem prejudicar os consumidores?
Joaquim - O segredo de qualquer indústria,
para oferecer o melhor para o consumidor, é ter bons produtos com baixo
custo. Toda a cadeia envolvida é responsável por ter maior produtividade,
boa remuneração e aumentar o consumo.
DM - A diretoria da Faeg e da Confederação Nacional
da Agricultura (CNA) pediram, em audiência com o Ministro da Agricultura,
Mendes Ribeiro Filho, isenção do pagamento de 9,25% da alíquota do PIS/Cofins
– que incide sobre o preço da ração, além de articular, ainda, subsídios
para ajuda no transporte dos ingredientes das rações no Brasil. Seria essa
a melhor solução para o setor?
Joaquim - Essas medidas podem ser um paliativo,
mas não resolvem o problema. A solução deve ser duradoura, deve haver uma
mudança de paradigma. Tanto o produtor, quanto a indústria, devem focar
no desafio da redução de custos.
Se um produtor sai de 50 litros de leite diários,
para 500 litros, terá os custos dos insumos diluídos e maior rentabilidade.
Não interessa quanto vai custar no final, mas o quanto cada setor da cadeia
ganhará. Então o melhor é profissionalizar e aumentar a produção.
DM - Qual motivo da visita ao jornal?
Joaquim - Viemos fechar uma parceria para divulgar
o 11° Congresso Internacional do Leite, que será realizado de 20 a 23
de novembro, em Goiânia.
O evento é uma promoção da Embrapa Gado de Leite
e da Faeg, com apoio do Sindileite, para discutir a produção leiteira mundial.
Buscamos o Diário da Manhã para ser um canal de divulgação Entre debates e
workshops, discutiremos as alternativas para baratear a dieta dos animais
e desafios para a cadeia do leite nacional na visão do consumidor.