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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Mercado da Carne no Brasil

Cartel da carne é discutido na Câmara Federal
Texto por Wandell Seixas - Diário da Manhã – (08/08/12)

A au­di­ência pú­blica pro­mo­vida ontem, na Co­missão de Agri­cul­tura, Pe­cuária, Abas­te­ci­mento e De­sen­vol­vi­mento Rural da Câ­mara dos De­pu­tados, dis­cutiu a ca­deia pro­du­tiva de bo­vi­no­cul­tura de corte, em que a car­te­li­zação da carne foi en­fa­ti­zada pelos se­tores da pe­cuária.  O pre­si­dente do Grupo JBS – Friboi, Wesley Men­donça, con­testou a acu­sação de for­mação de cartel, ob­ser­vando que existem no Brasil 1,5 mil aba­te­douros, dos quais “apenas 45” do grupo que pre­side, o que cor­res­ponde, se­gundo seus dados, a 14% do abate na­ci­onal. Quanto à questão dos preços re­pri­midos, Men­donça atribui à re­gu­lação do mer­cado. 
O pre­si­dente da Frente Na­ci­onal da Pe­cuária (Fe­napec), Fran­cisco Maia, re­bateu a po­sição do Grupo JBS, in­sis­tindo na for­mação de cartel da carne. Se­gundo ele, esse pro­cesso conta com o apoio fi­nan­ceiro do Banco Na­ci­onal de De­sen­vol­vi­mento Econô­mico e So­cial (BNDES), ge­rido com os re­cursos dos con­tri­buintes bra­si­leiros, o que agrava a si­tu­ação. A Fe­napec reúne, atu­al­mente, 14 as­so­ci­a­ções de pe­cu­a­ristas, entre elas a So­ci­e­dade Goiana de Pe­cuária e Agri­cul­tura (SGPA), re­pre­sen­tada no en­contro pelo seu pre­si­dente, Ri­cardo Yano. Maia foi in­ci­sivo na visão de que o cartel está im­pondo preços na ar­roba do boi.
O es­ta­be­le­ci­mento de preços justos foi de­fen­dido pelo pre­si­dente da As­so­ci­ação Bra­si­leira de Fri­go­rí­ficos (Abra­frigo), Pé­ri­cles Sa­lazar. “Dos cri­a­dores de­pende o for­ne­ci­mento de ma­téria-prima”, ar­gu­mentou. Sus­sumo Honda, pre­si­dente da As­so­ci­ação Bra­si­leira de Su­per­mer­cados (Abras), disse que a ABS con­grega hoje mais de mil lojas, gera um mi­lhão de em­pregos. “Per­demos par­ti­ci­pação no mer­cado de carne bo­vina”, disse ao ob­servar que tem cres­cido, por sua vez, a co­mer­ci­a­li­zação de carnes de frango e de suínos. Atribui os pro­blemas na ca­deia aos altos tri­butos, me­re­cendo aplausos do au­di­tório lo­tado.
Em nome do BNDES falou o ge­rente do De­par­ta­mento de Acom­pa­nha­mento e Gestão de Car­teira, André Gus­tavo Sal­cedo Tei­xeira Mendes, que teceu con­si­de­ra­ções sofre o sis­tema. Ale­xandre Lauri Hen­riksen, do De­par­ta­mento de Es­tudos Econô­micos do Mi­nis­tério da Jus­tiça, re­pre­sen­tando o Con­selho Ad­mi­nis­tra­tivo de De­fesa Econô­mica (Cade), dis­correu sobre as ações da ins­ti­tuição no com­bate aos car­téis. Ele res­saltou que o Cade já en­trou em ação contra plantas fri­go­rí­ficas no Acre, Rondônia e Mato Grosso.
O pre­si­dente da Co­missão Na­ci­onal de Pe­cuária de Corte da CNA, An­tenor No­gueira, de­fendeu a ne­ces­si­dade de im­plan­tação do se­guro pe­cuário “sem ônus aos pro­du­tores”. As reu­niões pe­rió­dicas foram res­sal­tadas por sua im­por­tância de busca de en­ten­di­mento entre toda a ca­deia pro­du­tiva da carne. A ti­pi­fi­cação de car­caça, de­fen­dida ar­du­a­mente pelos pe­cu­a­ristas, re­cebeu o apoio ines­pe­rado do pre­si­dente do Grupo JBS – Friboi. “O nosso grupo é a favor de que pre­cisa ser re­gu­la­men­tada”, acres­centou Wesley Men­donça. O di­ri­gente do grupo pro­meteu criar a di­re­toria de re­la­ções com o pro­dutor, para am­pliar o diá­logo com os pe­cu­a­ristas.
Vá­rios de­pu­tados fe­de­rais, entre eles Ro­naldo Caiado e Ro­berto Ba­lestra, de­fen­deram os pro­du­tores, con­de­nando “qual­quer car­te­li­zação”, que pre­ju­dica a de­mo­cracia e a livre ini­ci­a­tiva. Ro­naldo lem­brou que os preços da ar­roba do boi estão man­tidos há vá­rios meses, no en­tanto, os custos dos in­sumos se mul­ti­pli­caram e cri­ticou o que con­si­dera “ino­pe­rância” do Cade. “Não que­remos brigar com preços de mer­cado, mas não que­remos ser gar­ro­te­ados por nin­guém”, con­clui Caiado.

Um comentário:

  1. E olha que segundo o CADE existem no Brasil hoje só neste setor oito (08) processos de fusão, dos quais quase a metade envolve o grupo JBS.

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