Boi gordo sai do vermelho
José Manoel Caixeta - Diário da Manhã – 20/09/12
O mês de setembro é o período de entressafra
para grande parte das culturas, entre as exceções estão os produtos
oriundos da irrigação. É neste mês também que, devido à escassez, o mercado
costuma registrar forte valorização, o que torna possível recuperar os
preços e até mesmo obter lucro, reduzido ao longo do ano. No caso da pecuária
de corte, a fase é de recuperação de preços.
Segundo o indicador da Esalq/USP, o valor da arroba
do boi gordo em São Paulo chegou a R$ 96,64, no dia 12 de setembro. Em
Goiás, o preço registrado é de R$ 91,66.
Após sucessivas reduções no decorrer do semestre,
os sinais de firmeza já se mostram mais nítidos. Na primeira semana de
agosto, a arroba do boi gordo custava em média R$ 82,71 e saltou para R$
89,43 a arroba, já na primeira de setembro. O acréscimo foi de 8,1%.
Número que se aproximou dos preços praticados
no início deste ano. Além da queda no preço, ao longo do primeiro semestre, o
custo de produção chegou a níveis altíssimos, puxados pelos aumentos nos
preços dos grãos, como soja e milho.
A elevação nos preços também ocorreu em função da
baixa oferta de gado (de pastagem praticamente inexistente) e de confinamentos.
Goiás é hoje o maior produtor de gado confinado,
porém a quantidade de animais produzida para entrar no mercado este ano
deve se repetir como em 2011, girando em torno de 1 milhão de bovinos.
O produtor que exporta foi mais bem sucedido.
Em agosto deste ano, houve um crescimento de 14% nas exportações de carne
bovina goiana, comparada com o mesmo mês de 2011. Já o crescimento de
agosto em relação a julho foi de 1,67%. A expectativa é de continuar o movimento
ascendente. Já a demanda interna, que estava em crescimento até o final
de agosto, agora se concentra aos dias de oferta.
De acordo com o Sindiaçougue, nos últimos dias
a carcaça de bovino subiu de R$ 5,30 para R$ 6,10 por kg, ou seja, 15% de aumento.
Já no varejo, as altas variam de 12% a 43%, dependendo do corte. O limite
de alta no varejo varia conforme o mercado consumidor. O modo como esse movimento
pressiona o produtor no campo é o que preocupa o setor.
Caso a remuneração da arroba do boi gordo não
seja suficiente para cobrir os custos do pecuarista, pode ocorrer redução
da produção de várias formas, dentre elas redução de tecnologias e alteração
da dieta para se reduzir os custos. No médio e longo prazo, optam por diversificar
ou até mudar para atividades mais rentáveis.
O Brasil atualmente é considerado o grande fornecedor
de alimento para muitos países, mas ainda é necessário melhorar a relação
entre os elos da cadeia de produção de carne bovina. As margens que garantem
o lucro ou simplesmente a renda necessária para continuar na atividade
devem ser, antes de tudo, uma estratégia discutida e definida por todos.
(José Manoel Caixeta, advogado, vice-presidente da Federação da
Agricultura (Faeg) e superintendente-executivo da Secretaria de Agricultura,
Pecuária e Irrigação (Seagro)).
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