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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Boa gestão na propriedade


Garantia de faturamento também depende da mudança de posicionamento empreendedor por parte dos produtores rurais
 
Texto de Wandell Seixas - Diário da Manhã

Ao perceber a necessidade de capacitação para a pecuária nacional, o zootecnista da Nelore Brasil, Rodrigo Dias deve apresentar temas com exemplos de casos de sucesso para os pecuaristas de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Roraima durante as rodadas dos Cursos Práticos de Gestão Pecuária que será retomada a partir do próximo mês. A ideia é contribuir para a melhoria da pecuária de corte nacional e recebe o apoio da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA) e da Associação Goiana do Nelore (AGN).

Foto: Nilo César da Silva

Os temas a serem apresentados englobam a importância da boa gestão no cenário de custos e preços da pecuária brasileira; como interpretar o que o mercado diz e identificar se há validade para a realidade do seu negócio; o que e como medir para se conseguir gerenciar; e quais são as ferramentas de gestão disponíveis no mercado. 
Também gerente da Universidade do Boi e da Carne, Rodrigo Dias afirma que para participar do sucesso da pecuária brasileira o empresário rural precisa compreender que a gestão dos recursos financeiros, zootécnicos e humanos será imprescindível para este processo. Em sua opinião, a mudança geral da mentalidade pecuária já é perceptível. “Em algumas regiões, esta transição tem sido feita mais timidamente, porém a tendência de novas modificações é realidade em todos os Estados onde a Universidade passou”, ressalta o zootecnista. 
As mudanças, conforme observa, são gradativas e, algumas vezes, mais lentas do que o desejado. Porém, ele argumenta que “inúmeros fatores influenciam este processo e exemplifica os movimentos de mercado, a valorização e a desvalorização da arroba do boi e do bezerro”.

CONCLUSÃO
Ao conhecer os quatro maiores estados produtores de boi no Brasil, o zootecnista concluiu que os sistemas de produção divergem entre si, embora a criação dos animais seja feita em regime de pasto. Além disso, ele observa que “onde existem métricas, gestão de risco e planejamento, o controle do fluxo de caixa e as ferramentas de controle são realizados de forma diferente nestas regiões. Entretanto, a matéria prima é composta, predominantemente, por animais da raça Nelore”.
Ao exemplificar a questão, Rodrigo Dias observa que enquanto no Mato Grosso as fazendas são grandes extensões de terra. Em média, as fazendas em Tangará da Serra (MT) têm 20 mil hectares; as propriedades de Rolim Moura (RO) possuem três mil hectares. 
“Em ambos os Estados a gestão estratégica da propriedade é realidade, porém no Mato Grosso a pressão por resultados melhores se dá por conta da agricultura e, especialmente, na região de Tangará da Serra por conta da cana de açúcar, que tende a remunerar melhor que a pecuária essencialmente extrativista”, diz o especialista da Nelore do Brasil.

GESTÃO DA RAÇA
Como conhecedor do segmento, Dias sustenta que o Nelore é eficiente, produtivo e suporta os desafios de clima em todas as regiões. No entanto, ainda precisa se desenvolver muito em vários aspectos zootécnicos, embora os resultados expressivos da seleção, do manejo, da nutrição e da sanidade, desde a sua introdução no Brasil já terem sido notados. “A predileção racial pelo Nelore denota o enorme potencial que o País tem para o crescimento de técnicas de reprodução, melhoramento genético e nutrição destes animais”, expõe. 
O gerente da Universidade do Boi e da Carne diz que os produtores têm condições de aplicar muitas técnicas de gestão em suas propriedades, melhorando assim seus índices zootécnicos. Mas, ressalta que a “mudança de mentalidade produz modificações mais duradouras, que permitem um maior aproveitamento das oportunidades que os mercados externo e interno irão oferecer”, ressalta.
 Ele não tem dúvida que a busca por qualidade também é determinante para o sucesso da produção. “Esta afirmação pode parecer clichê, mas é necessário que o empresário rural consuma o que produz. Ele precisa entregar para a indústria um animal com maior ganho por hectare ou algo que seja biologicamente mais eficiente, com peso, acabamento e idade desejados. Assim, poderá garantir o seu resultado e realmente assumir sua responsabilidade enquanto fornecedor de alimentos”, argumenta Rodrigo Dias.
O zootecnista já apresentou aos pecuaristas de Goiás e dos demais Estados percorridos os programas que pagam mais por qualidade. “Para os que pensam somente em remuneração financeira direta, esta é uma forte razão para que se produza um boi melhor. E para os que pensam nos benefícios indiretos do processo, e os quantificam, fica evidente que todos saem ganhando com a melhoria na qualidade do boi”.


Para este ano, a Universidade do Boi e da Carne trabalhará com incentivos à disseminação dos conceitos de gestão e produção, naturalmente alinhados com os pilares da produção sustentável, ambiental, social, zootécnico e da integração lavoura x pecuária.


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