Garantia de faturamento também depende da mudança de posicionamento empreendedor por parte dos produtores rurais
Texto de Wandell Seixas - Diário da Manhã
Ao
perceber a necessidade de capacitação para a pecuária nacional, o zootecnista
da Nelore Brasil, Rodrigo Dias deve apresentar temas com exemplos de casos de
sucesso para os pecuaristas de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Roraima
durante as rodadas dos Cursos Práticos de Gestão Pecuária que será retomada a
partir do próximo mês. A ideia é contribuir para a melhoria da pecuária de
corte nacional e recebe o apoio da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura
(SGPA) e da Associação Goiana do Nelore (AGN).
Foto: Nilo César da Silva
Os
temas a serem apresentados englobam a importância da boa gestão no cenário de
custos e preços da pecuária brasileira; como interpretar o que o mercado diz e
identificar se há validade para a realidade do seu negócio; o que e como medir
para se conseguir gerenciar; e quais são as ferramentas de gestão disponíveis
no mercado.
Também
gerente da Universidade do Boi e da Carne, Rodrigo Dias afirma que para
participar do sucesso da pecuária brasileira o empresário rural precisa
compreender que a gestão dos recursos financeiros, zootécnicos e humanos será
imprescindível para este processo. Em sua opinião, a mudança geral da
mentalidade pecuária já é perceptível. “Em algumas regiões, esta transição tem
sido feita mais timidamente, porém a tendência de novas modificações é
realidade em todos os Estados onde a Universidade passou”, ressalta o
zootecnista.
As
mudanças, conforme observa, são gradativas e, algumas vezes, mais lentas do que
o desejado. Porém, ele argumenta que “inúmeros fatores influenciam este
processo e exemplifica os movimentos de mercado, a valorização e a
desvalorização da arroba do boi e do bezerro”.
CONCLUSÃO
Ao
conhecer os quatro maiores estados produtores de boi no Brasil, o zootecnista
concluiu que os sistemas de produção divergem entre si, embora a criação dos
animais seja feita em regime de pasto. Além disso, ele observa que “onde
existem métricas, gestão de risco e planejamento, o controle do fluxo de caixa
e as ferramentas de controle são realizados de forma diferente nestas regiões.
Entretanto, a matéria prima é composta, predominantemente, por animais da raça
Nelore”.
Ao
exemplificar a questão, Rodrigo Dias observa que enquanto no Mato Grosso as
fazendas são grandes extensões de terra. Em média, as fazendas em Tangará da
Serra (MT) têm 20 mil hectares; as propriedades de Rolim Moura (RO) possuem três
mil hectares.
“Em
ambos os Estados a gestão estratégica da propriedade é realidade, porém no Mato
Grosso a pressão por resultados melhores se dá por conta da agricultura e,
especialmente, na região de Tangará da Serra por conta da cana de açúcar, que tende
a remunerar melhor que a pecuária essencialmente extrativista”, diz o
especialista da Nelore do Brasil.
GESTÃO
DA RAÇA
Como
conhecedor do segmento, Dias sustenta que o Nelore é eficiente, produtivo e
suporta os desafios de clima em todas as regiões. No entanto, ainda precisa se
desenvolver muito em vários aspectos zootécnicos, embora os resultados
expressivos da seleção, do manejo, da nutrição e da sanidade, desde a sua
introdução no Brasil já terem sido notados. “A predileção racial pelo Nelore
denota o enorme potencial que o País tem para o crescimento de técnicas de
reprodução, melhoramento genético e nutrição destes animais”, expõe.
O
gerente da Universidade do Boi e da Carne diz que os produtores têm condições
de aplicar muitas técnicas de gestão em suas propriedades, melhorando assim
seus índices zootécnicos. Mas, ressalta que a “mudança de mentalidade produz
modificações mais duradouras, que permitem um maior aproveitamento das
oportunidades que os mercados externo e interno irão oferecer”, ressalta.
Ele
não tem dúvida que a busca por qualidade também é determinante para o sucesso
da produção. “Esta afirmação pode parecer clichê, mas é necessário que o
empresário rural consuma o que produz. Ele precisa entregar para a indústria um
animal com maior ganho por hectare ou algo que seja biologicamente mais
eficiente, com peso, acabamento e idade desejados. Assim, poderá garantir o seu
resultado e realmente assumir sua responsabilidade enquanto fornecedor de
alimentos”, argumenta Rodrigo Dias.
O
zootecnista já apresentou aos pecuaristas de Goiás e dos demais Estados
percorridos os programas que pagam mais por qualidade. “Para os que pensam
somente em remuneração financeira direta, esta é uma forte razão para que se
produza um boi melhor. E para os que pensam nos benefícios indiretos do
processo, e os quantificam, fica evidente que todos saem ganhando com a
melhoria na qualidade do boi”.
Para
este ano, a Universidade do Boi e da Carne trabalhará com incentivos à
disseminação dos conceitos de gestão e produção, naturalmente alinhados com os
pilares da produção sustentável, ambiental, social, zootécnico e da integração
lavoura x pecuária.
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