As perspectivas de um ano
de incertezas na pecuária de corte brasileira
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Mesmo com pressão dos
frigoríficos, São Paulo registra negócios a R$ 100 por arroba do boi gordo. Para completar as programações de abate a preços mais baixos, parte dos
compradores tem fechado negócios nos Estados vizinhos, diz Scot Consultoria. Frigoríficos
chegam a ofertar R$ 94,00 por arroba do boi gordo, mas negócios não são
fechados.
Foto: ABCSindi/Divulgação.
Aos poucos,
as ofertas de compra abaixo da referência ganham volume no mercado brasileiro
do boi gordo. Em São Paulo,
frigoríficos chegam a ofertar, sem sucesso, até R$ 94,00/arroba, à vista. A
referência segue em R$ 98,00/arroba, nas mesmas condições, e, segundo
levantamento da Scot Consultoria, há relatos de negócios efetuados a R$
100,00/arroba, à vista.
Grande parte
dos frigoríficos que pressionam o mercado paulista compõe quase toda sua
programação de abate com boiadas compradas de Estados vizinhos. As escalas
evoluíram praticamente um dia nas indústrias de São Paulo.
O reflexo
disso pode ser visto no Mato Grosso do Sul. Em Campo Grande e em Três Lagoas,
houve reajuste nos preços da arroba, cotada em R$ 91,00, à vista. Foram
registrados negócios também a R$ 92,00/arroba, à vista.
No mercado atacadista de carne bovina, os
estoques de carne estão ajustados, com expectativa de melhoria nas vendas nos
próximos dias, de acordo com os pesquisadores.
Indicador do
Cepea se mantém praticamente estável em fevereiro
Os preços do
boi gordo têm se mantido praticamente estáveis no mercado brasileiro em
fevereiro. Entre os dias 20 e 27, o Indicador do boi gordo ESALQ/BM&FBovespa
passou de R$ 98,10/arroba para R$ 97,95/arroba, ligeira queda de 0,16%.
Segundo
pesquisadores do Centro de Estudos
Avançados em Economia Aplicada (Cepea), essa estabilidade persiste há
várias semanas. Desde o início do ano, por exemplo, o Indicador oscilou entre a
mínima de R$ 97,02 (em 8/01) e a máxima de R$ 98,40 (em 8/02). Em fevereiro, o
Indicador acumula pequena alta de 0,23%, até o dia 27.
Confira as cotações do mercado no link abaixo:
Especialistas afirmam que produtor brasileiro de
carne terá um ano difícil
Volatilidade dos preços das commodities
agrícolas, câmbio desfavorável, surtos de doenças e restrições à exportação
podem prejudicar o setor em 2013
Foto:
Eduardo Ongaro
Produtores
brasileiros de carne bovina, por sua vez, devem ser beneficiados por um ciclo
pecuário favorável
A Fitch
Ratings projetou na quarta, dia 27, que os produtores brasileiros de proteína
animal terão um ano de 2013 "difícil". Em relatório, a agência de
classificação de risco disse que o setor terá dificuldades em gerar lucro,
fluxo de caixa e novos negócios neste ano.
– Em diferentes
níveis, todos os produtores brasileiros de proteína estão expostos a riscos,
incluindo volatilidade dos preços das commodities agrícolas, câmbio
desfavorável, surtos de doenças e restrições à exportação – comentou Viktoria
Krane, diretora da Fitch.
Os custos
com ração seguem elevados para produtores de carne suína e de frango.
Produtores de carne bovina, por
sua vez, devem ser beneficiados por um ciclo pecuário favorável no Brasil e por
preços altos da carne tanto nacional quanto internacionalmente, segundo o
relatório.
Ainda de
acordo com a Fitch, o ano será negativo ou neutro para o fluxo de caixa livre
em razão de fatores como baixa lucratividade, capital de giro elevado e
exigências de despesas de capital para sustentar o crescimento.
Produtores
brasileiros de proteína captaram cerca de US$ 2 bilhões em dívida de longo
prazo em janeiro de 2013. O volume, combinado com ofertas de ações no final de
2012, ajudarão as empresas a honrar os vencimentos de 2013 e melhorar o perfil
de suas dívidas. Em geral, a liquidez não foi uma preocupação para as
companhias de proteína em 2012, que continuarão a depender de fontes externas
de financiamento em 2014 e além, concluiu o relatório da Fitch.
Preços da carne no atacado reforçam pressão de
baixa no mercado do boi gordo
Mesmo diante do aumento das tentativas de
negócios a preços mais baixos, cotação média da arroba segue estável em R$
98,00, à vista, em São Paulo
Foto:
Anderson Petroceli, especial, BD /
Oferta e
volume de negócios no mercado do boi gordo diminuíram na terça, dia 26
As tentativas de fazer negócios a preços menores
nas compras de animais para abate aumentaram em São Paulo e nas praças
vizinhas, segundo pesquisa da Scot Consultoria. Com isso, a oferta e o volume
de negócios diminuíram ainda mais na terça, dia 26.
Essas
tentativas ganharam força devido aos preços desvalorizados da carne
bovina no atacado nos últimos dias, o que têm diminuído a margem das
indústrias. Em São Paulo, a referência para o boi gordo segue estável em R$ 98,00/arroba, à vista, e R$
99,00/arroba, a prazo.
As escalas
não evoluíram e atendem, em média, dois a três dias úteis.
No atacado
com osso não houve variações. O boi casado de animais castrados está cotado em
R$ 6,24/kg, preço 1,7% menor que há uma semana, quando a cotação estava em R$
6,35/kg.
Preço do boi gordo em fevereiro de 2013 é o menor
em três anos em valores reais na comparação com fevereiro de 2011, queda na cotação da arroba chega a
13,9%
Foto:
Eduardo Viné Boldt
Cotação
média da arroba do boi gordo foi de R$ 98,82 em fevereiro
Mesmo com as
recentes altas na cotação do boi gordo, o preço médio da arroba registrado em
fevereiro ainda é o menor em três anos, em valores reais, segundo a Scot
Consultoria. Até o dia 25 de fevereiro, o preço médio em São Paulo ficou em R$
98,82/arroba, a prazo. No mesmo mês de 2012, a cotação média foi de R$ 98,92,
valor 0,1% maior.
Quando
deflacionados os valores pelo IGP-DI, o valor este ano está 7,5% menor que no
começo de 2012. Na comparação com fevereiro de 2011, o recuo nominal é de 3,8%.
Em valores reais, a queda é de 13,9%. A arroba era negociada por R$ 114,75, em
valores de hoje (deflacionados).
Os aumentos
nas participações de fêmeas nos abates em 2011 e 2012 corroboram com o mercado
mais ofertado e os preços menores, o que caracteriza a fase de baixa do ciclo
pecuário.
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